Monday, September 3, 2012

Pro meu Vovô

Quem é que vai comprar um peixinho pra comer a cabeça?
Quem vai encher a dispensa de guloseimas que dissemos gostar?
Quem vai jogar as mãos para o ar quando quer que se aborreça?
Quem vai mostrar as costas com cravos pra gente cutucar?

E as vezes que nos levou à praia?
E quando reclamava da nossa saia?
E no telefone que só sabia resmungar?
E os insetos que via e saía a achatar?

Lembrancas:
as festas em Itaipava,
a campanha pra ganhar mesada,
as novelas que gostava,
os flagras em nós depois da noitada,
o jardim de que cuidava,
o Fiat velho que dirigia,
os passeios pela praia que dava,
os dentes tortinhos quando sorria.

Isso é o que fica: as memórias.
Todos os momentos e todas as estórias.
O amor que nos deu e o seu jeitão.
Seu modo peculiar de mostrar afeição.

Fica com Deus, vovôzinho, e vá para a Luz!
Você deixou sua marca como ninguém.
O adeus é um momento difícil que a vida produz
mas a vida continua e ficaremos bem!